segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Estórias e Discursos Pífios.


Encanador,

No que pese (e pesa bastante) minha percepção de vossa singular personalidade e bondade como cidadão e pessoa, temo que por trás desse vulcão ativo de Yellow Stone que é seu pretenso intelecto jaz um escravo do capital, desesperado pela sensação da estabilidade econômica, facilmente seduzível por curvas ébrias acéfalas e confiante de que sua história e falas tenham, algum dia, alguma platéia, mísera e estúpida que seja.

E, quanto a vossa crença de "dividir para conquistar", indago-lhe: conquistar o quê ? O homem repolho ? Uma ameba cretácea ?

De qualquer sorte, me parece que, em verdade, não é o mundo que se torna complexo cada vez mais: sou eu, somos nós que nos complicamos para que o mundo seja um lugar coerente para se viver. O mundo físico, coitado... não tem culpa de nada; já o mundo moral, aquele safadinho... é um filho-da-puta do caralho! cusão...

Eu não quero ser como o meu pai, eu não quero ter a mesma história de vida que os outros; mas esse é o preço que a vida em sociedade pede: a atrofia do "eu" (e a conseqüente mesmização das intuições e percepções) em troca de uma salário gordo e estável, de uma vagina suculenta só sua (em tese) todas as noites, uma família capenga, um círculo de conhecidos semi-selvagens devorando uns aos outros e uma parca estória de vida, forjada pela criatividade de decorar o mesquinho e criar detalhes inexistentes.

Oh! Platéia imaginária! Crie-se diante de mim! Oh! Multidão sedenta pelas minhas idiotices! Grite em uníssono qualquer coisa inaudível que a multidão costuma gritar! Só para os minhas palavras parecem batutas e minha existência menos frívola do que, fatalmente, o é, e para que eu possa encontrar o meu colega encanador numa dessas lojas de conveniência do cosmo infinito e contrariá-lo quanto a sermos um a platéia do outro, clausulada à existência de cerveja nas adjacências do ritual!

Eletricista.

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